Hapvida: estratégia que reforça a solidez e a força da maior rede de saúde e odontologia da América Latina

Com ações em queda de 64% no ano, analistas revendo (para baixo) suas recomendações e bancos de investimento batendo à porta, a Hapvida tem feito uma série de ajustes que o CEO Jorge Pinheiro acredita que começarão a mostrar resultado no próximo ano — e podem ajudar a reancorar as expectativas dos investidores de curto a longo prazo.

Para começar, Pinheiro botou os banqueiros para correr, descartando um fechamento de capital, estruturas mirabolantes com novos sócios ou qualquer movimentação externa à operação atual. “A companhia está voltada para o seu próprio umbigo”, disse o CEO ao Pipeline Valor.

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Isso significa acabar, enfim, de digerir a fusão com a Intermédica Notre Dame (NDI), que se mostrou mais complexa que o projetado, simplificar a estrutura administrativa para ganhar agilidade e reduzir custos, aumentar leitos próprios e eficiência para defender participação de mercado sem cair em guerra comercial.

“A integração com a NDI foi uma das mais difíceis da história, pelo tamanho das empresas e quantidade de controladas. A Hapvida já tinha feito padronização de sistemas a cada aquisição, mas a NDI não”, diz Pinheiro, lembrando que nos dois primeiros anos do acordo as empresas operaram de forma independente. “Levamos os últimos dois anos nisso, o que agora permite ter parte das sinergias que ainda não tínhamos conseguido capturar."

A fusão foi anunciada em 2021 e fechada, com as autorizações regulatórias e unificação de listagem, em 2022. Naquela época, a empresa somada valia R$ 110 bilhões. Hoje, a Hapvida Intermédica vale R$ 6,7 bilhões.

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O conselho de administração - que passou a contar recentemente com José Galló, o ex-Renner que também integra o comitê de pessoas, e Marcus Fontoura, ex-Stone e Microsoft, como consultor - bateu o martelo na nova estrutura executiva em outubro, reduzindo o número de vice-presidências de 14 para oito.

“Não é só despesa, precisávamos ganhar velocidade de decisão. Essa redução significa reduzir quase pela metade o número de reportes diretos”, diz o CEO, que ainda não detalha os VPs designados.

Pinheiro diz que uma pressão de margem já era esperada para o ano, considerando o aumento relevante em investimentos feitos pela companhia para ampliar a base de hospitais. “Em 2023 e 2024 reduzimos o investimento para controlar nossa alavancagem, e deu certo. Mas cidades como Manaus, Fortaleza, Belém e ABC Paulista já estavam com cerca de 86% de sua capacidade tomada e era um capex que tínhamos que fazer”, diz.

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O orçamento previa R$ 900 milhões de investimentos, resultando na abertura de mais de mil leitos. Esse peso sobre a margem não deve ser repetir em 2026, com capex menor, e a maturação dos ativos que entraram em operação este ano também deve ajudar numa recuperação gradual da rentabilidade no ano que vem e no próximo, segundo o empresário.

O que não estava previsto era a maior sinistralidade no terceiro trimestre, fora da sazonalidade média por mudanças de temperatura que aumentaram demanda de atendimento respiratório ou virose - o que, em tese, se normalizaria nos próximos períodos. Pinheiro também esclarece que a republicação de balanço pedida pela ANS não tem efeito no resultado da controladora (o balanço é republicado somente no site da ANS).

Mas a Hapvida não espera ainda um arrefecimento da competição no Sudeste, o que tem feito que a empresa perca beneficiários em São Paulo mesmo fazendo reajustes abaixo da média de mercado. Para Pinheiro, o reflexo do movimento comercial agressivo da concorrência virá com uma correção em um ou dois anos.

“Guerra de preços destrói valor e depois volta para o cliente em reajustes mais duros. Não vamos nessa estratégia”, diz ele, que projeta um reajuste na Hapvida da ordem de 10% em março, em linha com este ano.

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